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Author: mentesanta

Quatro diferentes palavras são usadas nas Escrituras em referência ao lugar dos mortos até o tempo da ressurreição. Em nenhum caso elas descrevem o estado eterno, mas sim o lugar temporário no qual os mortos aguardam a ressurreição. A primeira é Sheol, usada 65 vezes no Antigo Testamento e traduzida por “inferno” 31vezes (Dt 32.22; Sl 9.17; 18.5; Is 14.9), por “sepultura” 31(1sm 2.6; Jó 7.9; 14.13) e “abismo” três vezes (Nm 16.30-33; Jó 17.16). Essa era a palavra do Antigo Testamento usada em referência à morada dos mortos. Era apresentada não só como um estado de existência, mas como um lugar de existência consciente (Dt 18.11; 1sm 28.22-15; Is. 14.9). Deus era Soberano sobre esse lugar (Dt 32.22; Jó 26.6). Ele era visto como temporário, e os justos antecipavam a ressurreição saindo dele para o reino milenar (Jó 14.13-14; 19.25-27; Sl 16.9-11; 17.15; 49.15; 73.24).

Sobre a palavra Sheol foi escrito:

... alguns fatos se destacam claramente i) Observamos que na maioria dos casos Sheol é traduzido por “sepultura”. [...] A sepultura, então, se destaca como tradução melhor e mais comum. ii) Com relação à palavra “abismo”, observamos que, em cada um dos três casos em que ela ocorre (Nm 16.30,33 e Jô 17.16), também sugere a sepultura tão claramente, que podemos usar essa palavra e descartar “abismo” da nossa consideração como tradução de Sheol. iii) Quanto à tradução “inferno”, ela não representa Sheol, porque, tanto pela definição do dicionário quanto pelo seu uso coloquial, “inferno” significa o lugar de punição maior. Sheol não tem esse significado, mas denota o estado presente de morte. “A sepultura” é, portanto, uma tradução muito mais apropriada, porque visivelmente nos sugere o que é invisível à mente, ou seja, o estado de morte. Com certeza seria difícil para o leitor do português perceber este último sentido no termo “inferno”. iv) O estudioso descobrirá que “a sepultura”, entendida tanto literal quanto figuradamente, cumprira todas as exigências do termo hebraico Sheol: não que Sheol signifique tão especificamente UMA sepultura, quanto genericamente A SEPULTURA. A Escritura Sagrada é plenamente suficiente para nos explicar a palavra Sheol. v) Se, na lista de ocorrências, indagarmos quanto à palavra Sheol, ela ensinará que: a)Quanto a direção é para baixo. b) Quanto ao lugar é na terra. c) Quanto à natureza, descreve o estado da morte. Não o ato de morrer, para o qual não temos palavra em português, mas o estado ou duração da morte. Os alemães são mais afortunados, tendo a palavra sterbend para o ato de morrer. Sheol então significa o estado da morte, ou o estado dos mortos, do qual a sepultura é uma evidência tangível. Ela só está relacionada aos mortos. Pode às vezes ser personificada e representada por uma palavra inventada, “sepulturança”, significando o reino ou poder da sepultura. d) Quanto à relação, ela contrasta com o estado dos vivos; Deuteronômio 30.15,19 e 1Samuel 2.6-8. Ela não se relaciona nenhuma vez com os vivos, exceto por contraste. e) Quanto à associação, é usada em vínculo com lamentação (Gn 37.34-35), angústia (Gn 42.38; 2Sm 22.6; Sl 18.5; 116.3), medo e terror (Nm 16. 27-34); choro (Is 38.3,10,15,20), silêncio (Sl 31.17; 6.5; Ec 9.10), nenhum conhecimento (Ec 9.5,6,10), punição (Nm 16. 27-34; 1Rs 2.6,9; Jó 24.19). f) E, finalmente, quanto a duração, o reino do Sheol ou a sepultura continuará até a ressurreição e terminará somente com ela, que é o seu único escape (Os 13.14; cf. Sl 16.10 com At 2.27,31; 13.35)[1]


A segunda palavra para descrever o lugar dos mortos é Hades. No Novo Testamento essa palavra praticamente equivale a Sheol, traduzida por “inferno” em todos os casos, exceto um (1CO 15.55 em que é traduzida por “morte”). Geralmente essa palavra tem em vista os mortos incrédulos, que estão em agonia, esperando a ressurreição para o grande trono branco.
Sobre Hades observa-se:

Se agora as onze ocorrências de Hades no Novo Testamento forem cuidadosamente examinadas, serão alcançadas as seguintes conclusões: a) Hades está permanentemente ligado à morte, mas nunca à vida; sempre com pessoas mortas, mas nunca com os vivos. Todos no Hades “NÃO VIVERÃO NOVAMENTE”, até serem vivificados dentre os mortos (Ap 20.5). Se eles não “vivem de novo” até depois de serem vivificados, é perfeitamente claro que não podem estar vivos agora. Doutra forma, elimina-se a doutrina da ressurreição. b) A palavra do português “inferno” de maneira alguma representa o termo grego Hades, como vimos que também não dá a idéia correta do seu equivalente hebraico Sheol. c) Que Hades pode significar só exatamente o que Sheol significa, isto é, o lugar em que se experimenta a “corrupta” (At 2.31. cf. 13.34-37), e do qual a ressurreição é o único escape.[2]


Scofield representa muitos que diferenciam a morada dos indivíduos salvos e mortos antes e depois da ressurreição de Cristo. Ele diz:

1) Hades antes da ascensão de Cristo. A passagem em que a palavra ocorre deixa claro que o Hades estava antigamente dividido em dois, as moradas dos salvos e a dos incrédulos, respectivamente. A primeira era chamada “paraíso” e “seio de Abrão”. Ambas as designações eram talmúdicas, mas foram adotadas por Cristo em Lucas 16.22; 23.43. Os mortos abençoados estavam com Abraão, eram conscientes e estavam “confortados” (Lc 16.25). O ladrão que acreditou estaria, naquele dia, com Cristo no “paraíso”. Os incrédulos estavam separados dos salvos por um grande “abismo” fixo (Lc 16.26). O representante dos incrédulos que agora estão no Hades é o homem rico de Lucas 16.19-31. Ele estava vivo, consciente, exercendo todas as suas funções, memória etc. e em agonia.
2) Hades desde a ascensão de Cristo. Quanto aos mortos incrédulos, nenhuma mudança de lugar ou condição é revelada nas Escrituras. No julgamento do grande trono branco, o Hades os entregará, eles serão julgados e passarão para o lago de fogo (Ap 20.13,14). Mas houve uma mudança que afetou o paraíso. Paulo foi “arrebatado ao paraíso” (2CO 12.1-4). O paraíso, então, agora está na presença imediata de Deus. Acredita-se que Efésios 4.8-10 indique o tempo de mudança. “Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro.” Acrescenta-se imediatamente que antes Ele havia “descido até as regiões inferiores da terra”, i.e, a parte do Hades chamada paraíso. Durante a atual era da igreja, os salvos que morrem estão “ausentes do corpo e presentes com o Senhor”. Os mortos incrédulos no Hades e os mortos salvos “com o Senhor” esperam a ressurreição (Jó 19.25; 1Co 15.52)[3]


Fonte: Manual de Escatologia / Ed.Vida / autor: J.Dwight Pentecost

[1] E. W. Bulling, A critical lexicom and concordance to the English and Greek New Testament p.368-9.
[2] Ibid, p.369.
[3] C.I.Scofield, Reference Bible, p.1098-9.

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