A terceira palavra é Tartaros, e é usada apenas em 2PEDRO 2.4 em relação ao julgamento dos anjos caídos. Ela parece referir-se especificamente à morada eterna dos anjos caídos.

Tartaros [...] não é Sheol nem Hades [...] aonde todos os homens vão quando morrem. Nem é onde os ímpios são consumidos e destruídos, que é Geena [...] Não é a morada doa homens em nenhuma condição. É usada apenas aqui em relação aos “anjos, os que não guardaram o seu estado original” (v.Jd 6) Ela denota o limite ou a margem desse mundo material. A extremidade desse “ar” inferior – do qual Satanás é ” o príncipe” (Ef 2.2) e que as Escrituras descrevem como o hábitat dos “principados das trevas desse mundo” e “espíritos malignos nas regiões celestiais”. “Tartaros não é apenas o limite dessa criação material, mas e chamado assim por sua frieza”.


A quarta palavra empregada para a morada dos mortos é Geena, usada doze vezes no Novo Testamento (Mt 5.22,29,30; 10,28; 18.9; 23,15,33; Mc 9.43,45,47; Lc 12.5; Tg 3.6). Em cada caso, ela é usada como termo geográfico e tem em vista o estado final dos incrédulos. O julgamento é sugerido e esse é o lugar e o estado resultante. Vos escreve:

No Novo Testamento [...] ela designa o lugar de punição eterna dos incrédulos, geralmente ligada ao julgamento final. É associada ao fogo como a fonte da tormenta. Corpo e alma são lançados ali. Isso não deve ser explicado com base no principio de que o Novo Testamento fala metaforicamente do estado após a morte em termos corporais; ela sugere a ressurreição. Em várias versões Geena é traduzida por “inferno” [...] O fato de “o vale de Hinom” ter-se tornado a designação técnica para o lugar da punição final ocorreu por dois motivos. Em primeiro lugar, o vale foi o local da adoração idólatra a Moloque, a quem a crianças eram imoladas pelo fogo (2CR 28.3; 33.6). Em segundo lugar, por causa dessas práticas, o local foi profanado pelo rei Josias (2RS 23.10), e por isso ficou associado na profecia ao julgamento que viria sobre o povo (Jr 7.32). Também o fato de que o lixo da cidade era deixado ali pode ter ajudado a criar o nome que era sinônimo da máxima impureza.


Assim, Geena teria em vista a retribuição no lago de fogo como destino dos incrédulos.
Em Mateus 25.41 o Senhor disse aos incrédulos: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”. A palavra “preparado” literalmente é “tendo sido preparado”, sugerindo que o lago de fogo já existia e espera seus residentes. Essa é a tese de C.T.Schwarze, então da Universidade de Nova Iorque, de que um lugar tal como um lago de fogo é conhecido pela ciência hoje:
Ele escreve:

A palavra lago deve conotar certa quantidade de matéria em forma liquida. Logo, se a Escritura é verdadeira, esse fogo eterno está no estado liquido.
[...] uma prova simples das partes das Escrituras que temos discutido está na existência do fenômeno singular dos céus conhecido como estrelas anãs brancas! [...] a anã é estrela que por causa de alguns fatores que aconteceram com ela (não claramente definidos no momento), deveria ser aproximadamente maior cinco mil vezes ou mais do que realmente é! A titulo de ilustração se aplicássemos essa idéia a um planeta como a Terra, você deveria imaginá-la encolhida até atingir um diâmetro de seiscentos quilômetros [...] em vez dos onze quilômetros de diâmetro que ela realmente tem. Essa enorme densidade... tem muito que ver com nosso assunto [...] A maioria das pessoas sabe que o sol, nossa estrela mais próxima, é bem quente [...] há um consenso de que a temperatura dentro ou perto do centro das estrelas está entre vinte e cinco milhões e trinta milhões de graus! [...] nessas temperaturas, muito pode acontecer, como a explosão de átomos, o que ajuda a explicar o fenômeno da anã branca [...] uma temperatura de trinta milhões de graus poderia explodir átomos [...]
Isso levaria os átomos a perder seus elétrons a despeito de a atração entre núcleos e elétrons ser um octilhão [...] de vezes maior que atração da gravidade. As partes separadas poderiam então ser compactadas, especialmente sob tamanha pressão [...] Com a atividade constante de raios x, as paredes dos átomos não poderiam ser reformadas; logo, densidades enormes, tais como as encontradas nas anãs, podem ser alcançadas. Agora, observe, por favor, a temperaturas tão altas, toda a matéria estaria sob a forma de gás [...] numa anã branca a pressão é tão grande que os gases ficam comprimidos até atingir a consistência de um liquido, apesar de ainda reagirem às características de gás[...] Antes de tal estrela poder resfriar-se e gradualmente escurecer, ela teria de expandir-se às proporções normais. Isto é, teria de atingir mais de cinco mil vezes seu tamanho atual. Aqui está a dificuldade. Tal expansão causaria enorme calor, que, por sua vez, manteria a estrela totalmente comprimida, e então, pelo que astrônomo e físicos sabem, as estrelas anãs não podem resfriar-se! [...] A anã branca, em todo caso, jamais se extingue. [...] permita-me fazer um resumo para demonstrar que a Bíblia, a Palavra de Deus, é cientificamente precisa. Vemos primeiro, um fogo eterno que não se pode extinguir. Por ser de consistência liquida, ele é em segundo lugar, um lago de fogo. Em terceiro lugar, ele não pode ser extinguido, pois qualquer material que se extinguisse, tal como a água, teria seus átomos imediatamente despidos de elétrons e seria compactado com o resto. Em quarto lugar, já que os astrônomos tem estudado, e ainda estão estudando, esse estranho fenômeno, é evidente que o lago de fogo já foi preparado e agora está pronto. Apesar de não podemos dizer que Deus realmente usará esses lagos de fogo para cumprir Sua Palavra, a resposta aos céticos está nos céus, onde existem lago de fogo.


O corpo ressurrecto dos incrédulos, evidentemente, será de tal caráter que se revelará indestrutível mesmo em meio a tal lago de fogo.

Fonte: Manual de Escatologia/ Ed.Vida/ Autor: J.Dwight Pentecost
Quatro diferentes palavras são usadas nas Escrituras em referência ao lugar dos mortos até o tempo da ressurreição. Em nenhum caso elas descrevem o estado eterno, mas sim o lugar temporário no qual os mortos aguardam a ressurreição. A primeira é Sheol, usada 65 vezes no Antigo Testamento e traduzida por “inferno” 31vezes (Dt 32.22; Sl 9.17; 18.5; Is 14.9), por “sepultura” 31(1sm 2.6; Jó 7.9; 14.13) e “abismo” três vezes (Nm 16.30-33; Jó 17.16). Essa era a palavra do Antigo Testamento usada em referência à morada dos mortos. Era apresentada não só como um estado de existência, mas como um lugar de existência consciente (Dt 18.11; 1sm 28.22-15; Is. 14.9). Deus era Soberano sobre esse lugar (Dt 32.22; Jó 26.6). Ele era visto como temporário, e os justos antecipavam a ressurreição saindo dele para o reino milenar (Jó 14.13-14; 19.25-27; Sl 16.9-11; 17.15; 49.15; 73.24).

Sobre a palavra Sheol foi escrito:

... alguns fatos se destacam claramente i) Observamos que na maioria dos casos Sheol é traduzido por “sepultura”. [...] A sepultura, então, se destaca como tradução melhor e mais comum. ii) Com relação à palavra “abismo”, observamos que, em cada um dos três casos em que ela ocorre (Nm 16.30,33 e Jô 17.16), também sugere a sepultura tão claramente, que podemos usar essa palavra e descartar “abismo” da nossa consideração como tradução de Sheol. iii) Quanto à tradução “inferno”, ela não representa Sheol, porque, tanto pela definição do dicionário quanto pelo seu uso coloquial, “inferno” significa o lugar de punição maior. Sheol não tem esse significado, mas denota o estado presente de morte. “A sepultura” é, portanto, uma tradução muito mais apropriada, porque visivelmente nos sugere o que é invisível à mente, ou seja, o estado de morte. Com certeza seria difícil para o leitor do português perceber este último sentido no termo “inferno”. iv) O estudioso descobrirá que “a sepultura”, entendida tanto literal quanto figuradamente, cumprira todas as exigências do termo hebraico Sheol: não que Sheol signifique tão especificamente UMA sepultura, quanto genericamente A SEPULTURA. A Escritura Sagrada é plenamente suficiente para nos explicar a palavra Sheol. v) Se, na lista de ocorrências, indagarmos quanto à palavra Sheol, ela ensinará que: a)Quanto a direção é para baixo. b) Quanto ao lugar é na terra. c) Quanto à natureza, descreve o estado da morte. Não o ato de morrer, para o qual não temos palavra em português, mas o estado ou duração da morte. Os alemães são mais afortunados, tendo a palavra sterbend para o ato de morrer. Sheol então significa o estado da morte, ou o estado dos mortos, do qual a sepultura é uma evidência tangível. Ela só está relacionada aos mortos. Pode às vezes ser personificada e representada por uma palavra inventada, “sepulturança”, significando o reino ou poder da sepultura. d) Quanto à relação, ela contrasta com o estado dos vivos; Deuteronômio 30.15,19 e 1Samuel 2.6-8. Ela não se relaciona nenhuma vez com os vivos, exceto por contraste. e) Quanto à associação, é usada em vínculo com lamentação (Gn 37.34-35), angústia (Gn 42.38; 2Sm 22.6; Sl 18.5; 116.3), medo e terror (Nm 16. 27-34); choro (Is 38.3,10,15,20), silêncio (Sl 31.17; 6.5; Ec 9.10), nenhum conhecimento (Ec 9.5,6,10), punição (Nm 16. 27-34; 1Rs 2.6,9; Jó 24.19). f) E, finalmente, quanto a duração, o reino do Sheol ou a sepultura continuará até a ressurreição e terminará somente com ela, que é o seu único escape (Os 13.14; cf. Sl 16.10 com At 2.27,31; 13.35)[1]


A segunda palavra para descrever o lugar dos mortos é Hades. No Novo Testamento essa palavra praticamente equivale a Sheol, traduzida por “inferno” em todos os casos, exceto um (1CO 15.55 em que é traduzida por “morte”). Geralmente essa palavra tem em vista os mortos incrédulos, que estão em agonia, esperando a ressurreição para o grande trono branco.
Sobre Hades observa-se:

Se agora as onze ocorrências de Hades no Novo Testamento forem cuidadosamente examinadas, serão alcançadas as seguintes conclusões: a) Hades está permanentemente ligado à morte, mas nunca à vida; sempre com pessoas mortas, mas nunca com os vivos. Todos no Hades “NÃO VIVERÃO NOVAMENTE”, até serem vivificados dentre os mortos (Ap 20.5). Se eles não “vivem de novo” até depois de serem vivificados, é perfeitamente claro que não podem estar vivos agora. Doutra forma, elimina-se a doutrina da ressurreição. b) A palavra do português “inferno” de maneira alguma representa o termo grego Hades, como vimos que também não dá a idéia correta do seu equivalente hebraico Sheol. c) Que Hades pode significar só exatamente o que Sheol significa, isto é, o lugar em que se experimenta a “corrupta” (At 2.31. cf. 13.34-37), e do qual a ressurreição é o único escape.[2]


Scofield representa muitos que diferenciam a morada dos indivíduos salvos e mortos antes e depois da ressurreição de Cristo. Ele diz:

1) Hades antes da ascensão de Cristo. A passagem em que a palavra ocorre deixa claro que o Hades estava antigamente dividido em dois, as moradas dos salvos e a dos incrédulos, respectivamente. A primeira era chamada “paraíso” e “seio de Abrão”. Ambas as designações eram talmúdicas, mas foram adotadas por Cristo em Lucas 16.22; 23.43. Os mortos abençoados estavam com Abraão, eram conscientes e estavam “confortados” (Lc 16.25). O ladrão que acreditou estaria, naquele dia, com Cristo no “paraíso”. Os incrédulos estavam separados dos salvos por um grande “abismo” fixo (Lc 16.26). O representante dos incrédulos que agora estão no Hades é o homem rico de Lucas 16.19-31. Ele estava vivo, consciente, exercendo todas as suas funções, memória etc. e em agonia.
2) Hades desde a ascensão de Cristo. Quanto aos mortos incrédulos, nenhuma mudança de lugar ou condição é revelada nas Escrituras. No julgamento do grande trono branco, o Hades os entregará, eles serão julgados e passarão para o lago de fogo (Ap 20.13,14). Mas houve uma mudança que afetou o paraíso. Paulo foi “arrebatado ao paraíso” (2CO 12.1-4). O paraíso, então, agora está na presença imediata de Deus. Acredita-se que Efésios 4.8-10 indique o tempo de mudança. “Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro.” Acrescenta-se imediatamente que antes Ele havia “descido até as regiões inferiores da terra”, i.e, a parte do Hades chamada paraíso. Durante a atual era da igreja, os salvos que morrem estão “ausentes do corpo e presentes com o Senhor”. Os mortos incrédulos no Hades e os mortos salvos “com o Senhor” esperam a ressurreição (Jó 19.25; 1Co 15.52)[3]


Fonte: Manual de Escatologia / Ed.Vida / autor: J.Dwight Pentecost

[1] E. W. Bulling, A critical lexicom and concordance to the English and Greek New Testament p.368-9.
[2] Ibid, p.369.
[3] C.I.Scofield, Reference Bible, p.1098-9.

O destino dos perdidos.

O destino dos perdidos é um lugar no lago de fogo (Ap 19.20; 20.10,14-15; 21.8). Esse lago de fogo é descrito como fogo eterno (Mt 25.41; 18.8) e como fogo que não se apaga (Mc 9.43,44,46,48), sublinhando o caráter eterno da retribuição dos perdidos. A esse respeito Chaffer observa:

Ao tentar escrever uma declaração abrangente da doutrina mais solene da Bíblia, o termo retribuição é escolhido para substituir a palavra mais familiar punição já que esta implica disciplina e correção, idéia totalmente ausente da verdade que sela o trato divino final com os que estão eternamente perdidos. Reconhece-se que, no seu significado primitivo e amplo, o termo retribuir era usado para alguma recompensa, boa ou má. A palavra e usada... sobre doutrina do inferno apenas quando se faz referencia à perdição eterna dos perdidos.

Com respeito à retribuição dos perdidos, é importante observar que o lago de fogo é um lugar, não um estado, apesar de o conceito envolver um estado.

Como o céu é um lugar e não um mero estado mental, da mesma forma os réprobos vão para um lugar. Essa verdade é indicada pelas palavras hades (Mt 11,23; 16.18; Lc 10.15; 16.23; Ap 1.18; 20.13-14) e gehenna (Mt 5.22,29,30; 10.28; Tg 3.6) – lugar de “tormento” (Lc 16.28). O fato de essa ser uma condição de miséria indescritível é indicado pelos termos figurados usados para relatar seus sofrimentos – “fogo eterno” (Mt 25.41); “onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga”(Mc 9.44); “lago que arde com fogo e enxofre” (Ap 21.8); “o poço do abismo” (Ap 9.2); “fora, nas trevas”, um lugar de “choro e ranger de dentes” (Mt 8.12); “fogo inextinguível” (Lc 3.17); “fornalha acesa” (Mt 13.42); “negridão das trevas” (Jd 13) e “a fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não tem descanso algum, nem de dia nem de noite” (Ap 14.11). Nesses casos uma metáfora não é desculpa para modificar o pensamento que ela expressa; devemos, sim, reconhecer que uma metáfora, nessas passagens, é uma frágil tentativa de declarar em linguagem o que está além do poder de descrição das palavras [...] É bom observar também que quase todas essas expressões saem dos lábios de Cristo. Ele sozinho revelou quase tudo o que se sabe sobre esse lugar de retribuição. É como se nenhum autor humano fosse confiável para pronunciar tudo sobre esta terrível verdade.

Fonte: Manual de Escatologia – autor: J.Dwight Pentecost Ed.Vida pg 560-61

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